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08/12/2012 01:43

Nosso novo blog foi lançado hoje. Fique atento e tentaremos mantê-lo informado. Você pode ler as novas postagens deste blog via RSS Feed.

Preparativos da viagem

Estamos a menos de 8 dias para a partida e a ansiedade vai tomando conta. Lembrar se todos os detalhes foram checados, se todas as reservas foram feitas, se a moto está a revisão em dia, se o gps funciona, se não esquecemos nada pra trás, como documentação, seguro carta verde...ufa! Planejar uma viagem longa é muito parecido com uma estratégia de guerra.

 

 

1º trecho - Nova Friburgo-RJ/São Sebastião-SP

Banho...precisamos de um banho!!!

Podemos resumir a 1ª etapa da viagem com a frase acima. Bom, como todos nós sabemos, não adianta fazer planos e traçar roteiros, porque a vida vem e muda tudo. Pois é pessoal, estava programando a saida para as 5 da manhã e que deixaria a moto pronta até as 17;00 h do dia 19 de dez, certo? Não...errado!!! Surgiu uma reunião de emergência as 15:00 h em uma das escolas em que leciono e isso bagunçou tudo. Era para estar na cama as 22 horas e só fomos dormir depois da meia noite, quando tudo ficou pronto e aí, em nome da segurança, remarcarmos a saída para as 8 h, o que acabou virando 8:30 h..hehehehe.

Em toda viagem longa de moto os piores dias são o primeiro e o último.

O primeiro, em função de toda afobação e ansiedade de ganhar a estrada logo e "fazer" kilometragem. E o último, por querer chegar logo em casa. Os contratempos começaram com o intercomunicador que comprei, que aliás funciona muito bem, o problema são os fios e os fones de ouvido que incomodam  depois de um certo tempo, já que os mesmos vão esmagados entre a orelha e o  capacete. Sem falar no fato de ao menor movimento impensado, um tirar o fone do outro, o que obrigava parar a moto, tirar a luva e o capacete, e colocar tudo em ordem. Sem problemas, se não fosse o calor carioca de 40 graus na sombra!!! Resumindo, usamos o intercomunicador até o Rio de Janeiro...pois a relação custo benefício foi tensa!

O calor estava insurpotável, mesmo com a Citycom a 120 km/h ou 130 km/h!!! Acredito que os portões do inferno abriram-se na Serra das Araras...GZUISSS!!!!

Na Dutra foi um pouco melhor, mas paravamos a cada 100 km para beber água, isotõnico ou chupar um picolé. A moto rendia muito bem, fazendo média de 28 km/L a 110 km/h e 24 km/L a 130 km/h...apesar do velocimetro da City ser mais mentiroso que político em época de eleição. A 120 km/h o gps informava 109 km/h. Mas tá valendo. A idéia original era segiuir para Mogi das Cruzes pela Carvalho Pinto, mas estava ficando tarde e achei melhor entrar para Caraguatatuba-SP e seguir até onde desse. O cansaço era enorme, estava me sentindo muito mal, mas muito mal mesmo. O calor estava cobrando o seu preço...e era alto.

Como sempre faço em viagens de moto, evito almoçar para não dar sono durante a pilotagem, deixando para fazer uma refeição decente somente a noite, e nunca tive problemas com isso. Mas hoje o bicho pegou. Estava fraco, com uma forte dor de cabeça e muiot cansado. Minha vontade era parar no primeiro hotel ou motel. Mas eu sabia que a kilometragem economizada hoje, voltaria com juros e correção na etapa de amanhã, quando iríamos até Floripa.

Em parte, o cansaço foi embora quando avistei a serra do mar, simplesmente ESPETACULAR!!!!! A vista de Caraguatatuba do alto da serra do mar, foi de tirar o fõlego. Ah, e uma coisa que notei. Os motoristas paulistas são muito educados, pelo menos os que encontrei. 

Começou então a saga para conseguir uma hospedagem BBB ( bom , bonito e barato) e estava dificil. BBB só  a casa da mamãe mesmo, mas encontramos chalet disponiveis em um camping em São Sebastião-SP por R$ 120...em função do que era estava caro, mas em função do cansaço, estava barato demais!

Banho tomado e renascido das cinzas, fomos jantar porque a fome estava negra. Pedimos filet de frango com arroz, feijão, salada e batata frita. Uma delícia e por R$ 12! Muito bom.

Bem pessoal, agora eu vou dormir porque amanhã vai ser um dia dificil. Quando vocês lerem isso, já estarei em Floripa...assim espero. Deem uma olhada no álbum de fotos. Abraços a todos!!

Arrumação das coisas

 

 

Moto pronta para partir!

2º trecho - São Sebastião-SP / Florianópolis-SC

Ontem havíamos percorrido pouco mais de 500 km, o que aumentou a etapa de hoje. Tinha escolhido dormir em Peruíbe-SP, por ser a metade do caminho entre Friburgo-RJ e Floripa, mas o cansaço nos fez parar mais cedo. Resultado? A etapa de hoje ficou quase 200 km maior!!! 

Acordamos cedo, as 4:30 e comecei a arrumação da moto que é sempre um pouco chata. Coloca baú, alforge, aranha no baú com barraca e saco de dormir, mochila na frente, tablet com gps na bolha e por ai vai. Saímos as 6:15 da manhã e a estrada Rio-Santos é de uma beleza incrível. A cada curva era uma foto ou filmagem. A estrada impecável e muito bem sinalizada. Mas o calor estava voltando firme e forte. Hoje a minha mulher pilotou bastante, já que na 1ª etapa ela estava insegura em função do peso da Citycom, mas bastaram alguns kilometros e ela já estava familiarizada com aquele peso todo. Cabe ressaltar que a City é dela...eu que não resisto e as vezes pego emprestado.

A muié mantia 110 km/h a 120 km/h e eu na garupa escutando um som..hehehehe. Nós tínhamos o kit piloto e o kit garupa. O kit garupa era composto por mp3 player, fone de ouvido, camera fotográfica/filmadora e moedas e notas de R$ 2 para pagar o pedágio. Já o kit piloto era formado por basicamente....o piloto! 

O erro de não ter almoçado ontem não me pegaria de novo. olhei para o relógio e eram 11:10. Paramos no Graal para almoçar e vimos três ou quatro motociclistas viajando também. Era engraçado, a City era a moto que mais chamava atenção, mesmo ao lado de BMW´s, Vtrom´s e outras. A pergunta era sempre a mesma; Qual a cilindrada? É incrível, mas no Brasil as pessoas  não compram moto, mas cilindrada!! Que equívoco. Ninguem quer saber do conforto, praticidade e agilidade do veículo. O negócio é enrrolar o cabo e chegar no céu mais cedo...ou no colo do capiroto!

Voltamos à estrada e o sol estava fritando ovo no asfalto e após uns 100 km, o céu ficou preto e desceu aquele pé de água...que coisa boa!!! Uhuu!!! Bom demais, pelo menos até a hora em que ficamos atrás do spray de água das carretas. Nessa hora ví a diferença que faz usar um repelente de água na bolha e viseira do capacete. Perfeito, mesmo assim resolvi parar, pois minha mulher estava precisando visitar o w.c.

Eu me sentia muito bem. A chuva diminuiu e voltámos à estrada e dessa vez com a Rê na pilotagem...e vamo que vamo. Derrepente outro pé da água, mas esse foi sisnistro. Chovia balde...visibilidade quase zero. me escondi atrás de uma carreta e fiquei quietinho até que o temporal fosse embora.

Paramos pouco depois de Curitiba para tomar um café, pois estava com muito sono. Ainda faltvam 272 km e já eram mais de 17:00 h. Chegaríamos a noite, mas tudo bem. Depois do café, voltei com tudo e disse para a minha mulher: chegaremos em Floripa, nem que seja a meia-noite! Missão dada, é missão cumprida!

E já a 70 km de Floripa e a 102 km da pousada, eis que tomamos o 3º banho do dia. Tome chuva! Paramos num posto e tomamos um capuccino para elevar o moral que já estava ficando baixo, afinalde contas 833 km num dia é muita coisa! A noite caiu e a chuva dessa vez não parou. Chegamos em Floripa da pior maneira, com chuva, a noite e depois de 12 horas de viagem!!! Mas chegamos. A cidade é muito bem sinalizada, até Canasvieiras não precisei do gps. Agora para a char o hotel, batemos cabeça. Passamos perto dele umas 2 vezes. Mas o cansaço transformava 1 km em 10 km!

Mas eu estava bem, muito melhor do que no primeiro dia. Agora temos dois dias por aqui. Vamos curtir uma praia, fazer uns passeios e já planeja a 3ª etapa que promete! Serra do Rio do Rastro e Torres-RS. Meus amigos, não tenham medo. Coloquem suas motos na estrada e sintam o vento no rosto, ainda que quente...hehehehe. A vida passa num sopro, então não espere. Não interessa que moto você tenha, a melhor moto para viajar é a sua! Abraços a todos e não percam os próximos capítulos!!!

Floripa!

Chamam essa terra de Ilha da Magia, e é mesmo! Você encontra lagoa, cachoeira, praia, mata...tudo num mesmo lugar e com um povo muito acolhedor. Ficamos dois dias aqui e na hora de partirmos foi duro. O feitiço da ilha ainda durava e era impossível deixá-la pra tras. 

O primeiro dia fomos conhecer Jurerê Internacional,  Projeto Tamar,Praia dos Ingleses e a Lagoa da Conceição, além de dar um pulo na cidade. Jurerê é o adjetivo usado para definir pessoas ricas...muito, muito, mas muito ricas. Mansões, Ferraris, Maseratis e Lamborghines, bem como Ducatis compoê a paisagem.Chega a ser surreal a concentração de tanto dinheiro na mão de tão poucos, o que me fez lembrar que o nosso pais é rico e bonito, mas desigual. Mas o lugar realmente é lindo. No projeto Tamar, pudemos ver o belo trabalho de preservação de nossas tartarugas marinhas e vale a pena uma visita. Vimos tartarugas nos tanques, além de uma amostra científica e um vídeo. Muito bom! A praia dos Ingleses é muito bonita e tranquila e a lagoa da Conceição é o lugar perfeito para se curtir um fim de tarde. O mirante permite observar quase toda a lagoa e o visual é de tirar o f^lego.

No segundo dia, fomos curtir a praia de Canasvieiras, muito boa. Não dá vontade de sair. A tarde fomos para as famosas praia Mole e Joaquina, nesta última praticamos sand board e tomamos belos tombos, além de sair de lá como um bife a milanesa...hehehehehe. Voltamos para o hotel e saimos para comer um prato com camarão e iscas de peixe. Depois, começamos a arrumar as coisas, pois amanhã é dia de Serra do Rio do Rastro e Torres no Rio Grande do Sul. Amigos, não deixem de visitar Floripa, é sensacional, simplesmente perfeito. Voltarei aqui com certeza.

3º trecho - Florianópolis-SC / Torres-RS

Essa etapa era muito aguardada, pois passaríamos pela mítica Serra do Rio do Rastro, entre Lauro Muller-SC e Bom Jardim da Serra-SC. Depois seguiríamos para Torres-RS. Era um trajeto curto, 370 km. Curto para o padrão da viagem...hehehehe. Coloquei o gps para funcionar e lá fomos nós.

Paramos num posto para abastecer e derrepente escuto um barulho de batida. Olho para o lado e vejo um rapaz de moto caido no chão e um carro saindo em alta velocidade. Saí correndo em direção ao rapaz para ajudá-lo. Enquanto algumas pessoas pediam para o rapaz ficar imóvel no asfalto, eu tratei de levantar a sua moto e tirá-la do meio da pista. Ele se machucou nos braços, pernas e principalmente nos pés, já que usava uma sandália havainas. Fica aqui o meu apelo para que todos que usam moto andem equipados, pelo menos uma jaqueta e tênis nos pés, além de luva. Mas o mais impressionante, foi o carro fugir e nem olhar pra trás. Mesmo que a culpa fosse do motoqueiro. Digo motoqueiro, porque faço distinção entre motoqueiro e motociclista. Eu sou motociclista, ando equipado, respeito as leis de trânsito e tenho educação e bom senso ao conduzir o meu veículo de duas rodas. Motoqueiros sobem na calçada, furam sinal, andam sem equipamento de proteção carregando o capacete no braço ou no topo da cabeça. Mas enfim, a viagem segue. 

Entramos no chamado Vale Europeu. Nós e essa mania de Suíça brasileira, Vale Europeu. O nosso natal tem que ter neve e comemos nozes e avelãs, típicas da cultura européia. Porque não banana e aipim ou amendoim?? Até Halowenn nós importamos. Eu, como professor, fico indignado com isso. Mas voltando ao Vale "Europeu", é realmente de tirar o fôlego. Lindo, lindíssimo. Ao passarmos pela localidade de Rancho Queimado, o gps nós manda sair da principal e entrar a esquerda em direção a Altinápolis. Andamos 35 km e chegamos a Altinápolis, que parece uma vila cenográfica. Me senti na terra dos Hobbits, do Senhor dos Aneis. O lugar é belíssimo!!! Paramos para tomar um café e perguntei para um policial o caminho para Lauro Muller.  Ele disse;

- Tranquilo. É só pegar a primeira a direita e depois são 25 km até lá.......25 km de terra!!!!!!!!!!!  

O quê??? Pirei..

Olhei a configuração do gps e esqueci de desmarcar "vias não pavimentadas". Putz! Qual a outra solução? Voltar os 35 km até Rancho queimado e seguir pela principal até Urubici. Urubici? Peraí, tem alguma coisa de errado. Eu iria subir a serra por Lauro Muller e depois descer.

Resumindo eu chegaria no alto da sera, mas por trás, por Bom Jardim da Serra, o que me fez andar mais 170 km!! Mas, quer saber? Abençoado gps. Ele nós proporcionou um trajeto inesquecível, em meio a montanhas e florestas de araucárias! Lindo! E, vamos que vamos!

Chegamos no alto da Serra do Rio do Rastro e tudo fez sentido com a vista lá de cima....ESPETACULAR!!! Meus amigos, peguem suas motos e partam para lá. É indescrtível descer essa serra. Uma experiência única, que eu espero que as fotos abaixo possam traduzir.Filmamos toda a descida. Ao final da viagem vou montar um dvd com todo o material.

Pegamos a BR 101 duplicada até Torres e chegamos por volta das 19:40 e, acreditem, com sol! Amanhã temos o dia livre aqui em Torres e pretendemos conhecer o Parque e Praia da Guarita. Aguardem!

 

Torres-RS

 

Chegamos em Torres para passar o Natal e conhecer a famosa Praia e Parque da Guarita. O Rio Grande do Sul tem poucas praias bonitas, sendo a Praia da Guarita uma delas. Mas, que praia!! Uau!!! É lindíssima!!!! Costões rochosos que pelo processo de erosão, parecem torres de pedra, daí o nome da cidade. Passamos a manhã inteira na praia e no parque. Neste último, resolvemos fazer uma trilha no alto do platô rochoso. A vista era de arrepiar. Paredões retos de pedra que terminavam no mar, com a formação de cavernas pela ação do mar. De um lado a vista da praia da Guarita e de outro, a vista da praia Grande, da cidade e do morro do Farol, onde a galera decolava de parapente. Muito bonito mesmo.

Mas isso foi no dia 25 de dezembro. Na véspera resolvemos passear a noite pelas ruas de Torres e fomos presenteados por um papai Noel inusitado. Um cesto utilizado em balões foi colocado em cima de uma pick-up com o Papai Noel e o mesmo desfilava pelas ruas acionando os queimadores do balão. Para quem não conhece, isso dá uma chama de quase 5 m de altura. Foi incrível presenciar a cena. Dava pra sentir o calor, mesmo de longe. Por falar em calor, acho que nunca senti uma calor como o de hoje. Insuportável, quase 43 °C!!!!! Se amanhã pegarmos um calor desses na estrada vai ser difícil. A previsão é de frente fria se aproximando. Tomara que venha mesmo.

Nossa ceia de natal foi pão ou melhor, cacetinho (hehehe...esses gaúchos) com queijo e presunto, coca e batata Ruffles. PQP!!!! Mas o que vale é a intenção. No trajeto de Floripa pra cá, muita plantação de arroz, o que tornava a paisagem um pouco monótona, mas a estrada é ótima. Amanhã vamos a Pelotas-RS fazer a revisão da moto e aproveitar para conhecer um pouco a cidade.

4º trecho - Torres-RS/Pelotas-RS

 

Partirmos de Torres as 7:30 em direção a Pelotas e, já na estrada, dava para ver a frente fria se aproximando. A temperatura havia caído bastante e a viagem estava muito agradável. Quando vimos, já estávamos chegando em Porto Alegre. Até aí viagem tinha sido o paraíso. Mas daí pra frente, conheceríamos o inferno. Ao passar pelo novo estádio do Grêmio, notei que o indicador de combustível apresentava 2 traços na tela. Mas estava tranquilo, pois ao passar nas cercanias de Porto Alegre, com certeza haveria um posto, certo? Errado!

Diminui a velocidade para  80 km/h e continuei nesse ritmo. Passamos por dois avisos na estrada indicando postos à frente. Mas não aparecia nada. Agora só tínhamos um traço no indicador e já piscando. Comecei a ficar seriamente preocupado. Minha mulher na garupa não escondia o medo de uma pane seca no meio do nada e com uma tempestade se aproximando, já que o céu estava preto.

Lá se vai outro traço no marcador. A luz da reserva acendeu e o hodômetro já marcava 212 km rodados...GZUIS!!!!

Para piorar começaram rajadas de vento fortíssimas, que quase nos derrubaram quando passávamos por uma ponte. Um baita susto!

Enfim apareceu um posto. Depois do abastecimento, olhei para a bomba de combustível e couberam 9,2L....CARACA!!!!! Restavam apenas 800 ml...essa foi por pouco. Resolvemos tomar um café no posto, quando o mundo desabou! Muita, mas muita chuva e ventos fortíssimos! Aguardamos no posto por um tempo.

A chuva passa e pegamos a estrada com uma chuva leve e frio. Coloquei o isolamento da jaqueta e mais uma blusa de lã fina, além da balaclava e das luvas para chuva. A chuva foi engrossando a ponto de perdermos 90% da visibilidade. Os carros e caminhões seguiam em comboio. A chuva ficou muito forte e senti a parte interna da coxa e braço molhados, ainda por cima entrou um pouco de água pelo capacete. A moral da equipe começava a cair. Sentia muito frio, pois nesse ponto as luvas deixaram de ser impermeáveis. Achamos uma parada que vendia artesanato e vendia doces e bebidas. Mas não tinha café e nem leite. Mas resolvemos parar assim mesmo. Meus pés continuavam secos e era o que me animava. Parte pois calçava botas muito boas e em parte pela proteção oferecida pela Citycom, que aliás tinha comportamento exemplar na chuva.

Mais a frente encontramos um posto e tomei aquele café com leite bem quente, aproveitando para trocar de luvas. Corpo aquecido, luvas secas e a chuva que tinha parado, contribuíram para elevar a moral. Chegamos em Pelotas por voltas das 17:30. Amanhã levaremos a moto para a revisão.

 

Pelotas-RS

 

Pelotas era a única parada em toda viagem motivada apenas por questões técnicas e não turísticas, uma vez que faríamos a revisão da Citycom lá.  Nos hospedamos no hotel Estoril no quarto mais barato, se é que R$ 110 pode ser considerado barato. O quarto era muito simples e no estilo retrô (para ser elegante). A mobília tinha a idade de 1900 e minha vô menina. O chuveiro não tinha água quente, pois o hotel informou que a água só voltaria depois das 18...é mole?! E as lâmpadas do banheiro estavam queimadas. Mas tá valendo...vamos que vamos. Localizei a concessionária Dafra na mesma rua do hotel, é a Kelt Motos.

Chegamos lá pela manhã, no horário combinado com o Carlos, responsável pela loja. Fomos muito bem recebidos por ele e sua equipe, que praticamente abriram a loja para nos receber. Informei a ele que a correia trepidava muito em baixas rotações e que gostaria de colocar a suspensão traseira a mais dura possível, em função do peso que transportava. Já nos preparávamos para fazer uma longa caminhada de volta ao hotel, quando ele nos ofereceu uma Riva 150 para passear pela cidade enquanto ele fazia a revisão da Citycom. Eu nem acreditei, acostumado com o atendimento de certas concessionárias. Até agora só tenho elogios a Dafra, pois tanto a revenda de Pelotas como a de Nova Friburgo, foram muito prestativas e cordiais com a gente.

Fica aqui um agradecimento ao Carlos e a toda equipe da Kelt Motos de Pelotas, um pessoal nota 10!

Conhecemos alguns pontos turísticos de Pelotas, como a praia do Laranjal, o Centro histórico e a famosa Igreja Cabeluda. É isso mesmo, cabeluda! Toda a construção foi tomada pela era, o que dá um belo efeito a igreja. Gostei muito da Riva. Completa, macia e com um motor muito bom. Deixei a minha mulher fazendo unhas (ah...as mulheres) e fui dar um rolé pela cidade.

Posso afirma com toda a certeza, que o grande atrativo turístico de Pelotas é o seu povo. Nunca encontrei um povo tão educado e cordial. Sempre pronto a ajudar. Foi uma cidade cuja visita levaremos nos nossos corações.

Voltamos a Dafra para buscar a moto. A Citycom estava uma beleza. Pronta para a próxima etapa até Punta del Este!

É pessoal, não dá para explicar o que é viajar de moto. As pessoas que encontramos e a interação que acontece somente por estarmos de moto. Até caminhoneiros nos ajudam e até protegem nas estradas. Até aqui a viagem está sendo inesquecível, para marcar as nossas vidas. Creio que serei um velho feliz, com muitas memórias para compartilhar! E que venha Punta!!!

 

 

 

Pelotas-RS / Punta del Este-URU

 

Hoje é o grande dia! O ponto mais esperado da viagem, quando cruzaríamos a fronteira em direção ao Uruguai.

Tomamos café no hotel e paramos no banco para tirar o dinheiro que seria trocado por dólares, pesos uruguaios e argentinos. A temperatura estava agradável e a estrada ótima, duplicada em sua maioria. Ao passarmos por Rio Grande vimos uma placa avisando que o próximo posto só a 100 km. Tranquilo, a City estava com o tanque cheio. Aguardávamos ansiosamente a entrada na reserva do Taim.

E não decepcionou. Muito bonito com várias capivaras nas margens e muitos pássaros. É um tipo diferente de paisagem, ainda mais para nós que moramos na Suiça Brasileira (Friburgo-RJ), cidade cujas montanhas alcançam 2310 m de altitude. É uma planície com vegetação rasteira e áreas alagadas.

Paramos no posto para encher o tanque e fazer um lanche. O próximo alvo agora era o Chuí, na fronteira, onde faríamos o câmbio e os tramites aduaneiros. Chegamos em Chui e aquilo ali é uma loucura. De um lado da avenida é Chui, no Brasil e do outro lado é Chuy, no Uruguai. Uma loucura mesmo. Gente e carro pra todos os lados. Achei uma casa de câmbio e fui trocar dinheiro. De olho em tudo e todos, até porque tinham uns tipos bem estranhos. Depois fomos encher o tanque e procurar um lugar para almoçar. Pedimos uma minuta e a quantidade de comida em cada prato dá para duas pessoas. Era muita comida e por R$ 12!!! Tanque cheio e alimentados partimos para a fronteira.

Quando vimos a placa “Benvenidos a Uruguay”, sentimos uma mistura de alegria e frio na barriga. Na aduana foi tudo rápido. O cara mal olhou as identidades e pediu o seguro Carta Verde e nos liberou. O que eles querem é Brasileiro gastando no Uruguai!

Entramos!!! Uhuu!!!!!

As estradas são muito boas e bem sinalizadas. A paisagem mudou. Agora tínhamos plantação de batatas, gado e feno. A gasolina estava no fim e resolvemos parar num posto ou estación de servicios. O ideal é abastecer a City com a Nafta super 95 (gasolina), em função da octanagem ser a mais adequada para o motor. A injeção eletrônica cuidará do restante. Aproveitamos para lanchar e gastar o meu espanhol. Apesar de ser filho de espanhol, eu estou enferrujado. Mas bastaram as primeiras conversas e o cérebro se lembrou de muita coisa e aí fluiu.

Estávamos na Ruta 9 e a melhor maneira de chegarmos ao camping seria entrando em Punta por San Ignácio, por isso deixamos a ruta 9 e pegamos a ruta 10. A estrada era linda, com árvores nas margens e gramados a perder de vista, além de várias estâncias ou haciendas (fazendas) belíssimas!

Após chegar em San Ignácio, partirmos para o camping e no caminho, começamos a entender porque Punta del Este é conhecida como Ibiza da América do Sul. Luxo e sofisticação num nível que deixaria Jurerê Internacional envergonhada. O Camping San Rafael era excelente, com funcionários muito atenciosos e uma estrutura que deveria ser copiada pelos campings do Brasil. Acesso eletrônico ao camping, restaurante, mercado, piscina, banheiros impecáveis e, além disso, você paga pelo espaço e não pela barraca. Cada espaço ou prédio como eles chamam, tem ponto de luz, mesa e bancos, lugar para o  carro ou moto e é cercado pelos lados. Perfeito.

Bom pessoal, agora vamos armar a barraca e tomar um banho, para conhecer Punta! Aguardem!!!

 

 

Punta del Este-URU

Surreal!!! Essa é a palavra que define Punta del Este. Não há nada no Brasil que se compare a esse lugar em termos de luxo e sofisticação. As praias perdem para as nossas em termos de beleza natural, mas a orla ou Rambla, é perfeita! Lojas de todas as mais caras marcas, restaurantes espetaculares. Claro, tudo tem o seu preço e o nosso Wrap com jamon (sanduiche de massa fina com jamon e queijo Philadelphia) foi 750 pesos uruguayos ou R$ 75!!!! Mas tá valendo, afinal uma extravagância de vez em quando em bom. Visitamos a escultura La Mano na Playa Brava, as Puentes Ondulantes, incríveis por sinal e a famosa Casa Pueblo, do artista uruguayo Carlos Villaró. Simplesmente fantástica!!! A arquitetura da casa, as obras em seu interior, tudo. Mas como estamos em Punta, na Casa Pueblo uma coca saia por 80 pesos....R$ 8!!!!!! Bem pesado. Mas é aquela, não sabe brincar não desde para o play.

Voltamos para o camping para a primeira noite. Acordei as 3:30 da madrugada com chuva e para melhorar, entrando água na barraca! PQP!!!! Isso é o que dá comprar barata na Casa e Video por R$ 70! Eu tenho barraca da Trilhas e Rumos, a Esquilo 3 e é excelente, porém muito pesada.

Passei a noite segurando a barraca e tentando manter suas paredes o mais esticadas possíveis. Pensamos que o dia seguinte seria debaixo de chuva, mas abriu um baita sol e fomos a praia. E aí, aconteceu uma coisa muito estranha. Eu era o único cara na praia inteira que usava sunga, o restante só bermuda. As pessoas me olhavam  e comentavam. Até agora não entendi nada...kkkkkkkkkkk. Estava me sentindo desconfortável e resolvi sair da água. Eu me sentia um go go boy em uma praia de mulçumanos!!!!

Passamos mais uma noite no camping, mas dessa vez preparei a barraca para enfrentar a chuva, que por sinal não veio. Melhor assim. Amanhã partimos para Montevideo, um trecho pequeno que não chega a 200 km. Vamos ver o que a capital uruguaya  tem de bonito!